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BOLO DE CHOCOLATE

Eu tinha 14 anos quando comi o primeiro pedaço de bolo de chocolate, me lembro como se fosse ontem, ou quem sabe hoje mais cedo. Estava sentada na mesa de jantar da cozinha, de cabeça baixa, esperando mamãe chegar do serviço para irmos ao Parque de Flowpers. De repente em um salto rápido, vovó entrou pela porta da cozinha com os dois braços estendidos e segurando um bolo enorme de chocolate. Ele era formado por 3 camadas de massa recheadas de chocolate entre elas. Vovó Ducy sempre preparava aos fins de semana e me oferecia, mas nunca aceitei porque me falaram um dia que chocolate causava espinhas e acnes no rosto, e desde criança sempre fui vaidosa. Mas aquele bolo era diferente, tinha textura e brilho únicos em relação aos outros que ela já havia feito. Confesso que nessa hora minha barriga “roncou” e comecei a salivar.   - Oi, minha netinha. Você por aqui? Não era para estar com sua mãe? – Vovó colocou o bolo sobre a mesa e o ajustou deixando tudo bonitinho como se esti...

ENCONTRO INESPERADO

Estou sentada na carteira da terceira fileira, abaixo de um ventilador. Na minha mesa há somente uma caneta; um caderno, cuja folha só tem escrito a data de hoje e o nome da disciplina, e meu celular. Enquanto a professora falava sobre um assunto que não dava a mínima, meus olhos estavam fixos em um ponto a minha frente e minha mente vagava no ócio do tédio, até parece que estou morta. Percorro os olhos até um relógio, que fica em cima do quadro branco, e vejo marcar 10h20min, faltando ainda um pouco mais de uma hora pra encerrar o horário. Que saco! Me assusto com o celular vibrando na mesa. É uma MSG avisando que havia dado match no famigerado Tinder. Abro um meio sorriso, pois aquele alerta poderia ser a salvação para aquele momento. Ligo o aplicativo e vejo que combinei com uma garota linda, cujo sorriso era dono de belos dentes. Seus olhos eram castanhos e sua pele negra. Vejo todas as fotos do álbum e decido falar. " Oi, tudo bem? Bom dia... :) " - Envio a MSG e ...

VIDA DIFÍCIL

29 de novembro de 2015. São Paulo  Estou de olhos fechados e a única coisa que consigo imaginar é o quanto era maravilhosa. Claro! Faço parte da família Cantanhede. Meu pai, um médico bem sucedido, e minha mãe, juíza, sempre me proporcionaram uma vida boa e de bons estudos. Lembro-me de que vestia as melhores roupas pra ir a escola, e minhas amigas me invejavam muito, pelo menos era o que parecia. Aquilo me deixava feliz e poderosa. Um dia fui à escola com uma blusa, recém-comprada das férias que passei na Disney, e uma saia rodada. Minhas meias eram de unicórnios bem fofinhos, o que chamou bastante atenção das meninas. Meu cabelo balançava bastante quando caminhava. Quando as meninas me olhavam com a boca entreaberta, o meu eu interior explodia de emoções. E os meninos? Fazia o maior sucesso com eles, mas não irei me aprofundar nesse assunto. Pela vida magnifica e confortável que minha família me deu e momentos como esses de superioridade que me fez ser quem sou hoje. Minha ...

NOITE MAL DORMIDA

Já eram 05h00min, de um domingo, e não conseguia pregar os olhos para dormir. Minha cabeça estava latejando de dor por tamanha preocupação que estava. Karla, minha filha, saiu na noite anterior com uns amigos para uma festa e ainda não havia chegado em casa. O que era estranho, pois sempre que dormia fora ligava avisando, ou deixava uma MSG no celular. Eu andava de um lado para o outro e sempre que podia olhava para o relógio, que já marcava 05h10min naquele momento. Peguei o celular, que estava com a bateria fraca de tanto mexer, e liguei para Karla, mas novamente deu fora de área. Meu coração gelava de preocupação, me fazendo dar tapas leves no peito para poder diminuir a angústia que estava sentindo. Fui em direção a janela para olhar o movimento da rua, quando ouço o telefone tocar do outro lado da sala. Apressei os passos, pois poderia ser minha filha pedindo por ajuda. - Alô? - A voz tinha um tom grosso - Alô, Sra. Mandy? - Oi... alô... aqui quem fala é ela! Pode falar!...

DIAS DIFÍCEIS

Era exatamente meio dia quando cheguei em casa para almoçar. Abri a porta apressado jogando meu casaco sobre a mesa, e logo em seguida desabotoei a camisa para me sentir mais confortável. Estava ansioso para ver Katarina no andar de cima, pois havíamos combinado de almoçar juntos naquele dia. Fui em direção a escada que dá acesso ao quarto, e enquanto a subia chamava por Kat . - Katarina... amor! - Minha voz soava doce quando falava seu nome. - Kat! No entanto, o silêncio pairava. Comecei a achar estranho toda a quietação que ali estava, pois Kararina sempre vinha correndo me receber com um abraço forte e beijo doce. Comecei a subir mais rápido e fui em direção a porta que estava entreaberta. - Amor? - Entrei no quarto procurando por ela. Quando olhei para o chão, observei marcas de sangue que iam em direção ao banheiro, que coincidentemente também estava com a porta entreaberta. - Katarina, amor... Meu coração gelou nesse momento. Minhas pupilas dilataram só de pensar qu...